Inseminação Caseira: Entenda os Riscos
Para evitar custos associados aos tratamentos de reprodução assistida, alguns casais ou mulheres que buscam pela produção independente recorrem...
Algumas vezes na vida tomamos decisões que parecem ser a solução ideal para aquele momento. Há inúmeros casos de escolhas que são definitivas, por isso, é importante pensar, avaliar e tomar uma decisão com cautela.
No caso da vasectomia e laqueadura não é diferente: é uma decisão de suma importância e que tem que ser criteriosamente estudada para não haver risco de arrependimento posterior. Muitas pessoas chegam ao consultório médico pedindo para reverter a vasectomia ou a laqueadura. Não é incomum isso acontecer.
Ao tomar essa decisão, esteja completamente certo de seus motivos e razões para tal procedimento. Os pacientes chegam com muita esperança de ter sua vasectomia e laqueadura revertidas, mas é possível fazer isso? A resposta aliviada é sim, há como reverter vasectomia e a laqueadura. Mas, os procedimentos para tais casos são mais complexos do que se imagina.
O aparelho reprodutor masculino é formado por: testículos, epidídimos, canais deferentes, vesículas seminais, próstata, glândulas bulbo-uretrais, bolsa testicular e pênis. Os testículos têm a função de “berço” dos espermatozoides, é onde eles serão produzidos, além de serem responsáveis pela produção da testosterona, hormônio sexual masculino. Nos epidídimos é onde os espermatozoides são armazenados e onde ganham motilidade para chegarem ao óvulo.
Os canais deferentes são aqueles que ligam o esperma ao exterior do organismo, é o meio que o sêmen tem para sair do corpo humano. Já as vesículas seminais são os produtores do líquido que juntando com o espermatozoide se transforma em sêmen. A próstata tem a função de neutralizar a acidez da urina e dar impulsionamento aos espermatozoides.
As glândulas bulbo-uretrais lubrificam o pênis no ato sexual, e mais importante, limpam o canal pelo qual o sêmen passará. A bolsa testicular que fica na parte externa desse aparelho genital é onde se encontram os testículos e tem a função de proteger os mesmos. E por último, o pênis que é por onde passa a uretra, trajeto final do sêmen na ejaculação.
Como uma máquina perfeita, o aparelho reprodutor masculino trabalha em sintonia para que a reprodução humana ocorra com sucesso.
Agora que já sabemos como funciona o aparelho reprodutor masculino fica muito mais fácil entender o processo de uma vasectomia. Por meio de cirurgia, os canais deferentes são ligados, descontinuados, evitando a passagem dos espermatozoides para o líquido seminal. Ou seja, o volume do sêmen é igual, porém não contém mais espermatozoides. Esse processo é feito com o corte e ligadura ou cauterização das extremidades dos dois canais deferentes. Vale lembrar que a vasectomia não influencia na quantidade de esperma, na ereção e na libido masculina.
Com vários estudos e pesquisas, os procedimentos atuais para reversão da vasectomia são mais eficientes. Ficando no hospital apenas até o efeito da anestesia passar, o paciente tem maior mobilidade e facilidade para executar o procedimento, muitas vezes tendo alta no mesmo dia da cirurgia. É fundamental que a cirurgia seja feita com auxílio de microscópio, já que essa técnica aumenta a chance de sucesso, devido à delicadeza dos pontos nos ductos deferentes.
A chance de a reversão da vasectomia ter sucesso depende da concentração e motilidade dos espermatozoides após a cirurgia. O urologista solicita um novo espermograma cerca de 3 a 6 meses após o procedimento. No geral, quanto maior o tempo de vasectomia, menores são as chances de sucesso. Os melhores resultados ocorrem em homens que fizeram vasectomia há menos de 7 anos. Outro ponto importantíssimo é a idade da mulher e a reserva ovariana, bem como a qualidade das tubas uterinas. Se a esposa tem idade reprodutiva avançada ou baixa reserva de óvulos ou as tubas não funcionam normalmente, reverter a vasectomia muitas vezes não é inteligente nem eficiente. Nesses casos, a Fertilização in vitro é o mais indicado.
O sistema reprodutor feminino é composto por: vagina, útero, trompas de Falópio ou tubas uterinas e ovários. A função do útero é receber e acolher o embrião formado na tuba uterina, começando o processo de desenvolvimento e crescimento do embrião. As tubas têm como principal responsabilidade encaminhar o óvulo fecundado para o útero, o que dará início à gravidez ou se reverterá em menstruação juntamente ao endométrio, caso o embrião não faça a implantação no útero.
São nas tubas uterinas que os óvulos são fecundados. Os ovários são o local onde são armazenados os óvulos e ocorre a produção dos hormônios femininos: estrogênio e progesterona. A vagina, por sua vez, é a ligação externa aos órgãos internos do aparelho reprodutor feminino, é onde os espermatozoides são depositados para ascenderem ao útero e tubas, na tentativa de fertilizarem o óvulo liberado na ovulação.
Na laqueadura, as tubas uterinas são “amarradas” para que não haja esse trânsito de espermatozoides e fertilização dos óvulos. No geral, a laqueadura impede a passagem dos espermatozoides que não conseguem ir de encontro ao óvulo e fertilizá-lo. Da mesma forma que a vasectomia, a laqueadura não impede ou interfere na libido feminina. Algumas mulheres passam a ter ciclos menstruais de padrões diferentes ao que tinham antes da laqueadura, o que decorre da alteração da vascularização ovariana, que fica muito próxima dos vasos que circundam as tubas.
Atualmente, com o advento da cirugia laparoscópica e robótica, a reversão da laqueadura se tornou menos agressiva e mais eficaz que antigamente. A paciente pode operar num dia e ter alta no outro, às vezes até no mesmo dia. Por meio de sistemas de câmera com resolução full HD e visão 3D (no caso da robótica e alguns sets de laparoscopias), o cirurgião retira a porção ligada e sutura os cotos tubários com fios super delicados, para evitar uma fibrose local.
Os principais pontos para indicar a cirurgia e ter uma boa taxa de gravidez são a idade da mulher, a qualidade do sêmen do parceiro e a quantidade dos óvulos, tendo em vista que a mulher já nasce com eles, não havendo produção diária como o espermatozoide. Além da quantidade, talvez o mais importante seja a qualidade: os óvulos envelhecem junto com a mulher, aumentando o risco de malformações e abortamento. As taxas de sucesso são maiores em mulheres com menos de 35 anos com boa reserva ovariana. Tecnicamente, o modo que foi feita a laqueadura também impacta na chance de sucesso na reversão: quanto maior o coto distal (parte que sobra de tuba), melhor a chance de dar certo. Quando se retira as fímbrias (parte que “captura” o óvulo), a reversão não é eficaz. No geral, quando bem indicada, a reversão da laqueadura gera taxas de gravidez em torno de 60%.
Os exames que devem ser feitos para reverter a vasectomia e a laqueadura são iguais aos de qualquer outra cirurgia com o uso de anestésicos. Um médico especializado pedirá exames como: hemograma, provas de coagulação sanguínea, radiografia de tórax, eletrocardiograma, glicemia e outros, e no consultório fará outros exames mais específicos para lhe dar a autorização chamada risco cirúrgico para a operação. Todos os pacientes devem passar por esse especialista antes de qualquer cirurgia, isso, é de tremenda importância para evitar complicações durante a cirurgia.
Os processos de vasectomia e laqueadura necessitam de bons argumentos e certezas para serem feitos, assim como os procedimentos para reverter vasectomia e reverter laqueadura. A reversão também é uma coisa séria a ser pensada com cautela, principalmente nas taxas de gravidez de acordo com o perfil de cada casal. A hora certa e um bom procedimento podem levar a um sucesso reprodutivo. Converse com o seu médico sobre as condições e soluções.
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