Obesidade Gestacional: Entenda os Fatores Complicadores e de Risco para FIV e Gravidez

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Escrito por: Dra Fernanda Imperial

A Vigitel 2021, pesquisa do Ministério da Saúde, apontou que 22,6% das mulheres do Brasil em idade adulta tinham obesidade. Catalogada como uma das mais graves epidemia do século 21 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é fator de risco para diversas outras doenças, como a diabetes, as doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. 

Para as mulheres, o excesso de peso é também um ponto de atenção quando se deseja realizar o sonho da maternidade, já que pode prejudicar a fertilidade, dar origem a gestações de risco e ser um complicador para ciclos de fertilização in vitro.

Neste post, falamos sobre o impacto da obesidade na fertilidade e na gestação, assunto que precisa ser discutido, pois dados compilados pela Sociedade Americana de Reprodução Humana, publicado na revista Fertility and Sterility, retratam a seriedade do tema na fase da pré-concepção e gestação. 

Desordens no ciclo menstrual, comorbidades que pioram a fertilidade da mulher como síndrome do ovário policístico, amenorreia e desequilíbrios hormonais estão relacionados ao excesso de gordura corporal e ao estilo de vida por trás dele.

No Brasil, dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, mostram que: 

  • o número de grávidas com obesidade saltou de 11% em 2008 para 24% em 2021 no país;
  • o percentual de gestantes com excesso de peso, somando sobrepeso e obesidade, foi de 33% para 53% no período.

Continue a leitura do artigos para saber:

  • quando uma mulher grávida é considerada obesa;
  • quantos quilos é normal uma grávida ganhar ao longo da gestação;
  • quais são as causas a obesidade gestacional;
  • quais são os possíveis efeitos da obesidade durante a gestação;
  • como evitar a obesidade na gravidez;
  • como o excesso de peso atrapalha a FIV.

Quando uma mulher grávida é considerada obesa?

Uma mulher grávida é considerada obesa quando apresenta IMC pré-gestacional superior a 30 kg/m2.

Nessa condição, a gestante precisa receber atenção médica para tratar e prevenir as complicações que o excesso de peso e os desequilíbrios metabólicos e nutricionais associados podem causar durante a gravidez para a mãe e o bebê.

Quantos quilos é normal uma grávida ganhar ao longo da gestação? 

Durante a gestão, o ganho saudável de peso fica entre 7 e 15 quilos. De forma geral, é esperado que a mulher ganhe até 1,5 quilo por mês ao longo da gravidez. 

Vale pontuar, no entanto, que para quem tem obesidade gestacional, o ganho de peso na gravidez deve ser menor, entre 5 e 9 quilos. O ideal é manter uma alimentação saudável para que o corpo possa utilizar os depósitos de energia para suprir o adicional da gestação na formação do bebê.

Leia também > Quais Hábitos de Vida Podem Causar Infertilidade Primária e Secundária?

Quais são as causas da obesidade gestacional

Excesso de peso e obesidade são definidos como acúmulo anormal ou excessivo de gordura com risco à saúde. Para o diagnóstico dessa condição, a OMS leva em conta o Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado ao dividir-se o peso do indivíduo pela altura ao quadrado. Um índice acima de 25 é considerado sobrepeso, e, acima de 30, obesidade. Além disso, o elevado percentual de gordura na composição corporal é um sinal de alerta.

Caracterizada como uma doença crônica de base inflamatória, a obesidade pode ter diversas causas. Além do consumo excessivo de calorias e/ ou do baixo gasto energético, a condição também pode ser causada por:

  • maus hábitos alimentares;
  • sedentarismo;
  • desequilíbrio hormonal;
  • condições emocionais e psicológicas, como as compulsões alimentares;
  • fatores genéticos;
  • desordens no sono.

Quais são os possíveis efeitos da obesidade durante a gestação?

A obesidade pré-gestação e o ganho de peso excessivo na gravidez estão associados a problemas como:

  • aumento de complicações embrionária, intraparto e pós-parto;
  • complicações neonatais, com aumento do risco de ocorrências de diabetes gestacional, hipertensão e pré-eclâmpsia;
  • maiores riscos de indução do trabalho de parto, de cesarianas, de hemorragia puerperal e crescimento intrauterino restrito;
  • recém-nascidos grandes ou pequenos para a idade gestacional.

Como a obesidade gestacional afeta a saúde do bebê

Para os bebês, o excesso de peso da mãe pode levar a complicações no período do pré-natal, como dislipidemia, alteração da pressão arterial, hipoglicemia neonatal, trauma fetal, defeitos do tubo neural, prematuridade, sofrimento fetal, risco aumentado de aspiração de mecônio e, em casos mais graves, à morte intrauterina.

Além disso, as taxas de má-formação fetal são maiores em mulheres com obesidade, e bebês filhos de mães com excesso de peso têm maior propensão a sofrerem da mesma condição.

Como evitar a obesidade na gravidez

Cuidados com a alimentação e a prática de exercícios são hábitos recomendados a todos, para tratar e prevenir a obesidade. E o ideal é que futuras mães tenham esses cuidados mesmo antes de engravidar, pois as condições nutricionais pré-gestação podem desencadear ou agravar o quadro de excesso de peso ao longo da gravidez e na formação do bebê. Alimentos ricos em carboidratos simples, gorduras saturadas e industriais devem ser evitados nessa fase, assim como alimentos naturais e ricos em nutrientes essenciais devem estar presentes.

Para evitar a obesidade gestacional, a mulher deve manter hábitos alimentares saudáveis, seguir uma ingestão calórica apropriada, evitando alimentos ricos em gordura e açúcares, e praticar, , atividade física recomendada pelo médico.

Como o excesso de peso atrapalha a FIV?

Além de ser um fator de risco durante a gestação, a obesidade também é um complicador para mulheres que desejam engravidar, isso porque pode desencadeia alteração no equilíbrio hormonal, alterações no ciclo ovulatório e consequentemente piora da fertilidade, podendo levar a formação de embriões com pior qualidade e maior risco de aborto após a fertilização in vitro.

Por meio de um estudo de coorte retrospectiva, foram analisados 239.127 ciclos de fertilização in vitro entre os anos de 2010-2013. Desses pacientes, mais da metade tinham alteração do índice de massa corpórea, e o resultado foi a queda da taxa de gravidez de acordo com o aumento do IMC.

Destes ciclos, um subgrupo de destaque foi: mulheres com síndrome do ovário policístico (SOP). Para esse subgrupo, a taxa de abortamento cresceu conforme o aumento do IMC, com diferença estatística. Os demais índices também tiveram uma tendência de pior resultado conforme aumento do IMC.

O mecanismo que piora a taxa de sucesso de fertilização in vitro em pacientes com sobrepeso/obesidade ainda é incerto. Porém, estudos recentes sugerem uma alteração do microambiente e metabolismo do oócito e embrião, principalmente com aumento do estresse oxidativo. Além disso, estudos também sugerem alteração da receptividade endometrial.

Portanto, quanto maior o IMC, pior o prognóstico da FIV e maiores chances de complicações na gestação para a mãe e o bebê.

Mulheres com alteração no IMC devem ser encorajadas a perderem peso a partir de uma mudança nos hábitos alimentares e estilo de vida, a fim de se obter melhores taxas na FIV e uma gestação saudável.

Leia também > Dificuldade para Engravidar — Quando Buscar uma Clínica de Reprodução Humana?

Como você pode confirmar ao longo deste post, a obesidade gestacional é uma condição que traz diversos riscos durante a gravidez, além de ser um complicador para os processos de reprodução in vitro. Por isso, mulheres que desejam realizar o sonho da maternidade devem manter hábitos que evitem o excesso de peso. 

Leia o artigo “Cuidados Durante a Gravidez — 6 Dicas para Gestantes” para conhecer outros pontos de atenção para ter uma gestação mais saudável e tranquila.

Vida Bem Vinda

Por Vida Bem Vinda Master

21 de fev de 2024
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