Diminuição da reserva ovariana – quais minhas opções de tratamento?

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O acesso à educação de base, à universidade e a métodos anticoncepcionais, assim como a dedicação ao mercado de trabalho, têm feito com que as mulheres tenham seus primeiros filhos cada vez mais tarde.

Este fenômeno global, observado em países com certo grau de desenvolvimento econômico e social, tende a gerar uma preocupação em relação à fertilidade feminina. Um dos principais problemas enfrentados é o número limitado de óvulos que a mulher possui em toda a vida, chamada de reserva ovariana.

De acordo com o Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), uma em seis gestantes no Brasil possui mais de 35 anos, proporção que era de uma para 20 na década de 70.

Já a infertilidade, cujo diagnóstico médico é feito a partir de um ano de tentativas sem sucesso, pode ser afetada também pelo envelhecimento natural dos óvulos, uma perda da saúde reprodutiva dos óvulos, o que aumenta os riscos de aneuploidias, uma disfunção cromossômica na divisão celular do embrião/feto.

A mulher nasce com aproximadamente 1 a 2 milhões óvulos e, ao iniciar a puberdade, dispõe de aproximadamente 300 a 500 mil óvulos, um número limitado, sendo que a cada ciclo menstrual são perdidos cerca de 1000 óvulos – independente de tomar pílula anticoncepcional, o que impede a ovulação, mas não a degeneração dos folículos que carregam os óvulos.

Esta quantidade de óvulos já possui uma diminuição notável a partir dos 35, e, sobretudo, dos 40. A queda do número de óvulos faz com que o FSH (hormônio folículo-estimulante) fique elevado, numa tentativa de compensar a produção hormonal e ovulação. Com isso, os ciclos menstruais ficam irregulares, encurtando num primeiro momento e, depois, espaçando até ficar um ano sem menstruar, evento chamado de menopausa (última menstruação na vida após um ano em amenorreia). Níveis de FSH acima de 10 UI/L demonstram provavelmente uma baxa reserva ovariana e níveis acima de 35 UI/L são frequentes em mulheres na pós-menopausa.

Embora aparentemente a idade da primeira menstruação não afete a fertilidade, é importante saber se a mãe teve uma menopausa mais cedo, antes dos 40 anos. Se sim, a mulher pode ter uma tendência a ter baixa reserva ovariana mais cedo, o que não é necessariamente uma regra.

Há diversas formas de avaliá-la. Pode ser feito por ultrassom, com contagem dos pequenos folículos (antrais) e exame de sangue (medição de FSH, estradiol e hormônio antimülleriano).

Se houver baixa quantidade de folículos, o tratamento mais indicado para a maioria dos casos é a Fertilização in vitro.

Outro método de tratamento para mulheres com baixa reserva ovariana pode ser o congelamento de óvulos maduros. Esse procedimento pode ser uma única opção de preservar a quantidade de óvulos que a mulher ainda tem, antes que se esgotem. Isso é muito comum em famílias de mulheres com insuficiência ovariana precoce, com casos de menopausa precoce. Nesse contexto, um ano pode reduzir muito a reserva ovariana e agir na época certa pode mudar o futuro reprodutivo da paciente.

Congelados, os óvulos permanecem com a qualidade respectiva à idade da época em que foi vitrificado.

Por fim, para mulheres que têm baixa reserva e muita dificuldade de engravidar com oócitos próprios, a ovodoação compartilhada pode ser uma excelente opção. Neste tratamento, uma mulher de até 35 anos que esteja fazendo tratamento de FIV e sem doenças graves pode doar parte dos óvulos para um mulher receptora.

Por exigências do Conselho Federal de Medicina (CFM), os óvulos não podem ser comercializados, e a doadora e receptora não podem se conhecer. A legislação brasileira atual também não permite a doação entre familiares. Em geral, as taxas de gravidez em ciclos de ovodoação possuem mais de 50% de sucesso.

Além dos tratamentos e possibilidades à reserva ovariana, é importante também adotar uma dieta saudável para manter a qualidade dos óvulos: evitar tabagismo, café, refrigerantes e álcool. Ingerir ácido fólico, vitamina D, alimentos com ômega 3. Praticar exercícios físicos regularmente e adotar um ritmo de vida menos estressante são também importantes a uma gravidez saudável.

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