A relação entre o número de embriões transferidos e as chances de sucesso na FIV

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A FIV (fertilização in vitro) com frequência adota o procedimento de transferir mais de 1 embrião ao útero da paciente, após a fecundação ser feita em laboratório.

Esse procedimento tem o intuito de aumentar as chances de gravidez por transferência realizada.

Se por um lado aumentamos a chance de gravidez, por outro existe o risco todos os embriões transferidos se fixarem ao endométrio, gerando gêmeos, trigêmeos etc. A gravidez múltipla (2 bebês ou mais) apresenta muitos riscos associados, como o nascimento prematuro, restrição de crescimento fetal, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, paralisia cerebral, complicações na visão e síndromes respiratórias.

Esses fatores são conhecidos por todos, e os riscos se estendem também à mãe, que pode sofrer complicações no parto, e a gravidez tão desejada pode se tornar um problema (há casos de quadrigêmeos, e o recorde de 8 bebês).

Para muitas pacientes, aumentar as chances de conseguir engravidar supera a preocupação com possíveis complicações de uma possível gravidez múltipla, pois acreditam que a tecnologia da medicina irá protegê-las e minimizar os riscos. Mas esse conceito deve ser discutido com o especialista em reprodução humana e obstetra, que enxergam de uma forma clara e real os riscos de uma gravidez de gêmeos, trigêmeos etc.

Apesar de possuir técnicas modernas, a medicina nada se pode fazer quando 3 ou mais bebês já estão se desenvolvendo dentro do útero. Evidentemente, o suporte obstétrico e pré-natal rigoroso são fundamentais para uma gestação bem sucedida.

Para agravar a situação, muitos médicos tendem a encorajar a transferência de vários embriões, na esperança de se obter taxas de sucesso elevadas na FIV.

A decisão sobre a quantidade de embriões transferidos deve ser ponderada em todos os casos, pois não se trata de algo simples, e muitos fatores devem ser levados em consideração, incluindo:

·    A qualidade dos embriões
·    O estágio do desenvolvimento no ato da transferência: D3 ou D5 (blastocisto)
·    Idade da paciente (óvulos)
·    As preferências do casal
·    Cirurgias uterinas, como miomectomia ou cesáreas prévias
·    Malformações uterinas, como útero bicorno, unicorno e didelfo

Sobre a qualidade dos embriões, existem muitos métodos para avaliar a qualidade morfológica embrionária. Muitas características são analisadas através de uma pontuação (score), obviamente os que possuem índices elevados têm maiores chances de se desenvolver.

O estado do desenvolvimento no ato da transferência significa que o óvulo fertilizado em laboratório deve evoluir sua multiplicação celular para 6-10 células em até 72 horas. “Além disso, a equipe de embriologia avalia o grau de fragmentação, sendo que embriões muito fragmentados (C ou D / 3 ou 4) tem baixas taxas de implantação”, diz Dra. Fernanda Imperial, ginecologista da VidaBemVinda.

Quando chegam ao estágio de blastocisto (embrião no 5º ou 6º dia de desenvolvimento), os embriões têm maior chance de implantação e gravidez, e menos embriões precisarão ser transferidos ao útero, reduzindo as chances de gravidez múltipla.

A idade da paciente (ou da doadora dos óvulos, em casos de ovodoação) conta muito, pois após os 35 anos a incidência de anomalias cromossômicas e malformações é maior. Isoladamente, a idade materna é o principal fator para o sucesso da FIV. Vale lembrar que, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina determina um limite de embriões que podem ser transferidos de acordo com a idade da paciente quando foi feita a coleta de óvulos:

– até 35 anos: até 2 embriões;
– 36 a 39 anos: até 3 embriões;
– 40 anos ou mais: até 4 embriões.

Observação:

– se foi feito tratamento com óvulos doados, a idade que conta é da doadora. No Brasil, a doadora só pode ter no máximo 35 anos, e portanto o número de embriões que podem ser transferidos ao útero da receptora é no máximo 2.

– se os óvulos foram congelados quando a paciente tinha 32 anos, mas serão utilizados aos 37 anos, o que conta é a idade que tinha quando os coletou, no caso 32 anos.

A preferência da paciente deve ser respeitada no final das contas, mas é dever do médico alertar sobre os riscos e as chances reais do tratamento.

Avalie as suas condições com seu médico durante o tratamento, e se preferir uma abordagem mais segura, opte pela transferência dos embriões em estágios mais avançados (blastocistos).

Mesmo assim, existem mulheres que estão dispostas à tudo e não querem correr o risco de esperar por um possível segundo ciclo, mesmo que isso signifique criar trigêmeos ou mais bebês.

A maternidade é uma decisão séria e deve ser ponderada com sabedoria. Converse com seu médico e planeje seu tratamento com sabedoria, pois os filhos mudam nossa vida para sempre.

E lembre-se: em reprodução humana, o que conta não é a quantidade, e sim a qualidade dos embriões.

Você poderá se interessar pelo vídeo sobre a qualidade dos embriões. Assista!

Vida Bem Vinda

Por Vida Bem Vinda Master

03 de fev de 2015
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