Endometrial Scratching ou injúria endometrial

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O que é?

Endometrial scratching ou injúria endometrial é um procedimento em que o médico realiza uma retirada delicada do endométrio. É um procedimento relativamente simples, que pode ser realizado no consultório ou por histeroscopia diagnóstica. A técnica mais usada, e descrita nos estudos utiliza a biópsia endometrial, realizada com uma cânula delicada e fina (3,0 mm de diâmetro), introduzida através do colo do útero, denominada Pipelle de Cornier.

Geralmente o procedimento é bem tolerado, sem necessidade de anestesia.

Com o procedimento, é obtida amostra de tecido endometrial que pode ser analisado, fornecendo informações sobre o endométrio, tais como:

  • Fase em que se encontra (proliferativa, secretora), se está compatível com a fase do ciclo;
  • Janela de implantação e receptividade endometrial;
  • Presença de sinais de inflamação (endometrite) e micropólipos;
  • Presença de células NK (natural killer), cuja utilização é controversa.

Existem complicações?

Este é um procedimento simples e seguro.

A complicação mais comum é um pequeno sangramento durante e após o procedimento.

Pode ocorrer dor pélvica em cólica, no geral, com melhora após analgésicos por via oral, como escopolamina, dipirona e paracetamol.

Em raros casos, pode ocorrer infecção (endometrite) após o exame, devido à ascensão de bactérias presentes na flora vaginal para o útero. Isso está mais associado à antissepsia e assepsia e, por isso, recomendamos o uso de antissépticos como clorexidine ou povidine.

Qual é a indicação e objetivo da injúria endometrial?

A hipótese de que a injúria endometrial tenha alguma influência sobre a taxa de implantação surgiu a partir de 2000, quando foi publicado um artigo com 12 mulheres submetidas a biópsia endometrial num ciclo anterior ao ciclo de preparo endometrial para transferência de embrião congelado, que apresentaram um aumento expressivo das taxas de gravidez.

Surgiram então diversos estudos comparando o desfecho do tratamento, quanto às taxas de implantação embrionária, o número de nascidos vivos, de gravidez bioquímica, de gravidez múltipla, entre as pacientes com repetidas falhas de implantação embrionária submetidas à biópsia endometrial e as que não realizaram o procedimento.

Recentemente, a Cochrane (importante órgão no campo científico) realizou uma metanálise e corrobora com o fato de que a injúria endometrial no ciclo menstrual prévio, antes da transferência embrionária, aumenta as taxas de implantação e gravidez.

Porém, há estudos em que pacientes submetidas a tratamentos com óvulos doados, ao primeiro tratamento, não teriam este benefício, o que contraria os achados na maioria dos trabalhos.

Outros estudos, em pacientes submetidas a coito programado e IIU, ainda que em menor número, também apresentam um efeito positivo sobre as taxas de gravidez.

A injúria endometrial não mostra correlação com as taxas de aborto, nem de gravidez múltipla.

Na prática, é um procedimento que pode ser indicado para pacientes com falha de implantação (vários embriões transferidos sem sucesso), com o objetivo de aumentar a chance de implantação e gestação.

Qual seria o efeito da injúria endometrial?

Sabemos que a implantação embrionária depende de 2 principais fatores: a qualidade embrionária e a receptividade endometrial.

O período em que o embrião se implanta no endométrio (nidação), chamado de janela implantacional, é mediado por células do sistema imunológico, citocinas, fatores de crescimentos e moléculas de adesão celular.

Acredita-se que a injúria endometrial ative a liberação de processos inflamatórios relacionados à adesão permanente entre o embrião e o endométrio.

Outra hipótese é de que o processo de reparo endometrial levaria à expressão de genes relacionados à janela implantacional, tornando-o mais receptivo.

Fases da implantação embrionária:

artigo vbv

Dra. Larissa

Por Dra. Larissa Matsumoto

08 de jun de 2016
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